Como CEO da BRITech, tenho o privilégio de estar em contato com o c-level de Asset Managers, Wealth Managers, Distribuidores de Investimentos e Fintechs. Faz parte da minha responsabilidade estar atualizado sobre o que acontece em tecnologia financeira. Por isso, tenho participado de conferências especializadas nos Estados Unidos e na Europa.
A BRITech é uma Wealth Tech que fornece software e infraestrutura para o ecossistema de Gestão de Investimentos com +150 clientes no Brasil, México e Chile.
O feedback que recebemos dos nossos clientes, aliado à participação nas conferências, são os principais insumos para definirmos a prioridade de investimento na evolução da nossa plataforma de Wealth Management.
O objetivo deste artigo é resumir o que tenho observado, assim como opinar sobre as perspectivas e o futuro para Wealth Tech, incluindo Robo-Advisors, Microinvestimentos, Open Banking, Inteligência Artificial/Machine Learning, Blockchain e Customer Experience (CX).
Mudanças e possibilidades futuras
O mercado global de Wealth Management (WM) tem experimentado algumas transformações nos últimos anos e começamos a perceber algumas iniciativas chegando no Brasil e na América Latina.
A primeira transformação é no CX, que é a forma como os agentes do ecossistema de WM interagem com seus clientes, os investidores. O software está automatizando a experiência do cliente de ponta a ponta tornando-a totalmente digital.
Outra transformação que vai acabar trazendo melhorias no CX é o Open Banking, que permitirá com que novas ofertas e soluções inovadoras gerem valor agregado. Tal movimento é possível a partir de dados e informações dos clientes capturadas e combinadas dos bancos, gestores e administradoras de cartões de crédito.
O acesso às melhores opções de investimentos era, até pouco tempo atrás, restrito aos investidores com mais de R$ 1 milhão de liquidez. Isso começou a mudar com a chegada dos Robo-Advisors e das plataformas de Microinvestimentos.
Brasil e o mercado internacional
Temos no Brasil algumas plataformas de Robo-Advisors que miram no Middle Market, mercado com alguns milhões de investidores individuais, com capacidade entre R$ 50 mil e R$ 1 milhão.
Nos mercados internacionais, essas plataformas utilizam modelagem de portfólios de ETFs, baseada em fronteira eficiente de Markovitz. Já no âmbito local, como a oferta de ETFs é limitada por restrições do regulador, os portfólios são baseados em fundos, o que torna o custo para o investidor mais alto.
No entanto, quando descemos para a base da pirâmide de investidores, encontramos dezenas de milhões de pessoas físicas com capacidade de poupança de até R$ 50 mil. E essa base da pirâmide é o mercado-alvo das chamadas Fintechs de Microinvestimentos, que estão começando a surgir no Brasil.
Inteligência Artificial, Machine Learning e Blockchain
Quando o assunto é Inteligência Artificial (IA) e Machine Learning (ML) em WM, temos um desafio. Isso porque, apesar dos elevados investimentos dos bancos – como, por exemplo, Goldman Sachs e JP Morgan -, ainda não existem, até o momento, patentes registradas para uso de IA em finanças ou em WM.
Finalmente, chegamos ao Blockchain, que é o “ator principal”, a tecnologia que nos permite conceituar um mercado financeiro descentralizado.
Uma pilha de outras tecnologias está sendo construída em cima do Blockchain, o que permitirá a construção de bolsas descentralizadas de valores e derivativos, cestas de ativos digitais, criptoativos, ativos reais “tokenizados” e criptomoedas com preço estabilizado.
A pauta é extensa e merece destaque, mas vamos deixar para abordar o mercado financeiro descentralizado em um próximo artigo, pois é um tema que merece um capítulo à parte.
Em resumo, os próximos anos prometem trazer muitas novas possibilidades!