Nos últimos anos, o mercado financeiro tem testemunhado uma revolução silenciosa, à medida que a influência digital ganhou terreno e transformou a forma como os investidores buscam informações. Nesse cenário, o influencer de investimentos emergiu como figura proeminente, capaz de moldar opiniões, orientar e até mesmo impactar as decisões de alocação de capital.
Através de conteúdo cativante e linguagem acessível, os influenciadores de investimentos têm desmistificado conceitos complexos do universo financeiro, tornando-os compreensíveis para investidores de todos os níveis de experiência. Isso cria uma ponte entre teoria e a prática, ajudando as pessoas no processo de uma tomada de decisão mais acertada.
À medida que a influência dessas figuras cresce, porém, surgem debates sobre a necessidade de regulamentação. Afinal, regras rígidas podem ajudar a evitar a propagação de informações enganosas e vetar conflitos de interesse, protegendo, assim, os investidores menos experientes. Neste artigo, vamos explorar o papel desses influenciadores e como eles estão moldando as decisões financeiras no Brasil.
Papel do influencer de investimentos na educação financeira
Em um país onde a educação financeira ainda engatinha, os influenciadores de investimentos surgiram como uma forma de democratizar o aprendizado que até poucos anos atrás era limitado aos gerentes de banco, por exemplo. Comunicando conceitos complexos de maneira acessível, eles desempenham um papel importante em termos de compreensão de como é possível investir independentemente do valor disponível para fazer aportes ou da idade. Em geral, eles atuam em diferentes plataformas digitais, como as redes sociais e canais no YouTube, onde oferecem dicas práticas, insights sobre produtos de investimentos e orientações para o planejamento financeiro de longo prazo.
O sucesso dos influenciadores faz sentido. Uma pesquisa realizada pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) e pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) mostra que 46% dos brasileiros não controlam o seu próprio orçamento. Ou seja, boa parte da população ainda não sabe quanto gasta por mês, quanto paga de juros e desconhece o valor de seus rendimentos. O levantamento mostra ainda que boa parte dos brasileiros reconhece a falta de organização para lidar com o próprio dinheiro. “Como a falta de conhecimento sobre as próprias finanças é um problema crônico no Brasil, é importante incluir a educação financeira como tema na formação básica dos cidadãos”, diz o educador financeiro José Vignoli, em comunicado enviado pelo SPC Brasil.
O fato é que ainda há um longo caminho em termos de aprendizado sobre investimentos e o uso consciente do dinheiro.
Impacto dos influencers na tomada de decisão de investimentos
A influência de figuras como Nathalia Arcuri, Thiago Nigro e Nath Finanças vai além da educação financeira, impactando diretamente as decisões de investimentos dos brasileiros. Com a confiança construída ao longo do tempo, os influenciadores têm em mãos o poder de moldar a decisão de investidores. E aí moram os riscos e os desafios.
O recente “boom” de influenciadores acende um alerta importante: nem todo influencer de finanças é confiável e tem gabarito suficiente para recomendar investimentos. É fundamental que os usuários chequem a procedência do influenciador para não caírem em ciladas que podem gerar prejuízos financeiros. Em paralelo, existem algumas formas de identificar quando o conteúdo não é tão seguro:
– Se uma empresa é recomendada como investimento, verifique se ela possui certificação da Comissão de Valores Mobiliários (CVM);
– Não acredite em rentabilidades expressivas e que fujam da média oferecida pelo mercado;
– Pesquise sobre a trajetória do influenciador e verifique se ele é credenciado em alguma instituição financeira.
Na prática, se o influencer não é um analista com CNPI ou não possui outro certificado oficial que o libere para exercer a profissão, ele não deveria indicar a compra e venda de ativos aos seguidores.
Um caso emblemático no Brasil foi a condenação de Eike Batista por manipulação de mercado. O empresário promovia as empresas do grupo EBX no Twitter para inspirar a compra das ações enquanto vendia os seus papéis em segredo.
Se investigado e considerado culpado pela CVM, o influenciador pode responder criminalmente pelo ocorrido, principalmente quando o órgão entende que há manipulação de mercado, quando a pessoa usa a sua influência nas redes sociais para inflar o preço de uma determinada ação e lucrar com o movimento dos seguidores. Portanto, fique atento!
Crescimento da influência digital no mercado financeiro do Brasil
O Brasil está testemunhando um crescimento exponencial do influenciador de investimentos. Plataformas como blogs, podcasts, canais do YouTube e redes sociais estão se tornando verdadeiras salas de aula virtuais para investidores em busca de orientação do que fazer com a carteira. A acessibilidade e a facilidade de acesso a esses conteúdos estão quebrando barreiras de entrada, permitindo que investidores de todos os níveis de conhecimento se beneficiem das informações divulgadas na internet.
Só para ter ideia, a Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima) já mapeou pelo menos 515 influenciadores digitais na democratização de assuntos ligados ao mercado financeiro no Brasil (veja aqui a lista com todos os finfluencers monitorados). O estudo “Finfluence: quem fala de investimentos nas redes sociais” revelou que há uma audiência de 165 milhões de seguidores que acompanham os conteúdos produzidos nos diferentes perfis.
O levantamento mostrou ainda que eles preferem falar sobre a renda variável, principalmente criptomoedas, moedas e ações.
A responsabilidade desses formadores de opinião é tremenda e a ANBIMA publicou recentemente as regras para contratação dos influenciadores. As mudanças passam a valer a partir de 13 de novembro deste ano.
“Nosso objetivo não é autorregular as atividades dos influenciadores, mas ajudar o investidor a ter acesso a informações importantes para sua tomada de decisão. É importante que os seguidores saibam quando uma postagem é publicidade e quando não é”, diz Luiz Henrique Carvalho, gerente da nossa Representação de Distribuição de Produtos de Investimento.
Desafios e responsabilidades dos influenciadores de investimentos
Na França, o governo já aprovou uma lei que regula a atividade do influenciador de investimento – por lá, há mais de 150 mil pessoas que trabalham nesse meio. O país se tornou o primeiro da europa a regular a atuação desse profissional e há punições para quem descumprir as regras: prisão de dois anos e multa de 300 mil euros.
O movimento mostra que, apesar do benefício de educar mais as pessoas sobre os seus investimentos, a função desse profissional deve ser tratada com seriedade. Como falamos neste artigo, o impacto dos influenciadores de investimentos no mercado financeiro brasileiro é inegável. Eles não apenas preenchem lacunas na educação financeira, mas também inspiram confiança e orientam decisões inteligentes de investimento. No entanto, essa influência deve ser tratada com cautela e responsabilidade, garantindo que as informações compartilhadas sejam precisas e atualizadas.
O grande desafio dos influenciadores de investimentos é entender que suas palavras têm peso e podem afetar as decisões financeiras e até mesmo a segurança financeira de seus seguidores. Ou seja, a transparência é mais do que crucial nesse mercado.
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