Provavelmente você já ouviu falar da regra número 1 do lendário Warren Buffett para ter sucesso nos investimentos: “Nunca perca dinheiro”. Contudo, seguir o conselho do bilionário e CEO da Berkshire Hathaway pode ser mais difícil do que parece.
Apesar de saber o que é e como calcular corretamente o Gross Up, muitos gestores de carteira ainda encontram dificuldade para realizar de forma eficiente e segura esse cálculo fundamental, utilizado para comparar a rentabilidade de produtos financeiros. E, com isso, acabam perdendo muito tempo e, consequentemente, dinheiro.
Para acabar de uma vez por todas com esse problema, preparamos um artigo que explica todos os detalhes sobre a importância e utilização do gross up nos investimentos, demonstrando o melhor caminho para fazer o cálculo. Aproveite a leitura!
O que é gross up?
O termo gross up significa “embutir os impostos”, em português. Em outras palavras, consiste em adicionar uma alíquota de IR à rentabilidade de investimentos que não possuem, originalmente, essa tributação. Dessa forma, uma taxa inicialmente “líquida de imposto” ou “isenta de imposto” se transforma em uma taxa bruta.
O objetivo do processo é conseguir comparar os rendimentos de produtos isentos de Imposto de Renda – como Letras de Crédito e Certificados de Recebíveis do Agronegócio e Imobiliários (LCIs, LCAs, CRIs e CRAs) – com os que são tributados, como Certificados de Depósitos Bancários (CDBs) e títulos do Tesouro Direto.
Geralmente, o cálculo é aplicado para identificar as melhores oportunidades na renda fixa, que possui uma série de ativos isentos de IR e outros que podem sofrer incidência de imposto. Ele também pode ser usado para escolher fundos de investimento, uma vez que fundos imobiliários (FIIs), por exemplo, são isentos de IR, enquanto as demais categorias são tributadas.
Como funciona o gross up?
Aquela velha máxima de que não se deve comparar laranjas com maçãs funciona perfeitamente dentro do mercado financeiro. Isto é, comparar a rentabilidade de investimentos isentos de IR com a rentabilidade de investimentos que possuem incidência de imposto é a receita certeira para perder dinheiro.
Para eliminar o efeito do IR das análises – isto é, comparar laranjas com laranjas e maçãs com maçãs – existem duas formas: descontar o imposto das aplicações que são tributadas ou somar o imposto fictício nas aplicações isentas.
Como calcular o gross up?
Contar com a ajuda da tecnologia para o cálculo do gross up é importante para garantir tanto a praticidade quanto a segurança nos resultados, o que facilita posteriormente na escolha entre os ativos para compor uma carteira. A Plataforma da BRITech demonstra de forma prática o resultado desses cálculos. Em um dos exemplos, o gross up é realizado no cálculo da rentabilidade, considerando o rendimento desde o momento da aquisição.
Mesmo com uma solução eficiente à disposição, é válido entender como a conta é feita. Calcular o gross up exige apenas dividir a rentabilidade da aplicação isenta pelo fator (1 – alíquota de IR). Veja a fórmula abaixo:
Taxa bruta (gross up) = rentabilidade do investimento isento / (1 – IR)
Para saber a alíquota de IR que deve ser utilizada na conta, é preciso considerar o prazo no qual o dinheiro ficará aplicado.
Na renda fixa, a tabela utilizada é a regressiva: ou seja, quanto maior o horizonte de investimento, menor é o tributo a ser cobrado sobre os rendimentos e vice-versa.
Até 180 dias de investimento: 22,5%
De 181 a 360 dias de investimento: 20%
De 361 a 720 dias de investimento: 17,5%
Acima de 720 dias: 15%
Acompanhe abaixo alguns exemplos de cálculo de gross up para a comparação de ativos isentos com tributáveis, além da análise de carteiras.
Comparação entre ativos
Pense novamente no exemplo do investidor que possui R$ 10 mil guardados e precisa decidir qual aplicação de renda fixa oferecerá o melhor retorno.
Depois de algumas pesquisas, duas opções parecem interessantes. A primeira delas é aportar o dinheiro em uma LCI 90% do CDI, isenta de IR. Já a segunda alternativa seria colocar o capital em um CDB que paga 100% do CDI, mas tem incidência de Imposto de Renda.
Esse investidor pretende deixar o dinheiro aplicado por mais de dois anos, o que no caso do CDB, estaria sujeito a um IR de 15%.
Com base nessas premissas, o cálculo do gross up ficaria da seguinte forma:
Taxa bruta da LCI (gross up) = 90 / (1-15%)
Taxa bruta da LCI = 90 / (1-0,15%)
Taxa bruta da LCI = 90/0,85%
Taxa bruta da LCI = 105,8%
Portanto, o rendimento da LCI, se tivesse IR, resultaria em uma rentabilidade de 105,8% do CDI. A partir desta perspectiva, a letra de crédito é mais vantajosa do que o CDB 100% do CDI.
Comparação entre carteiras
Além de ser uma ferramenta de escolha entre um ou mais ativos, o gross up pode ser usado para calcular o retorno bruto de uma carteira formada por vários títulos, sendo eles todos isentos, todos tributáveis ou mistos.
No primeiro caso, veja uma carteira que tem quatro títulos isentos (carteira 1) e outra com quatro títulos tributáveis (carteira 2), cada um com peso de 25% na composição.
Os vencimentos dos ativos são de mais de dois anos, o que resulta em um IR de 15%. Sem utilizar o gross up, a primeira impressão é de que o portfólio mais vantajoso é o de ativos com incidência de Imposto de Renda, cujo retorno total é de 100% do CDI.
Vale ressaltar que, para calcular a rentabilidade de uma carteira, basta somar os retornos individuais e dividir pelo número de títulos.
Cálculo automático de gross up
Segurança e confiabilidade são critérios indispensáveis para o cálculo. E essas qualidades estão à disposição em soluções que otimizam todo esse processo. Pensando nisso, a BRITech oferece uma plataforma para Gestão de Portfolio, que faz a comparação de ativos com base no gross up para encontrar a melhor rentabilidade para os clientes.