64% dos investidores levam em consideração os critérios ESG na escolha de seus investimentos.
“De acordo com o relatório da CVM sobre agenda ESG e o Mercado de Capitais, 64% dos investidores levam em consideração os critérios ESG na escolha de seus investimentos e 54,4% consideram que os critérios ESG contribuem para o desempenho do ativo.”
A preocupação com temas relacionados aos aspectos Ambientais, Sociais e de Governança (ESG ou a sigla ASG em português) tem sido crescente nas últimas décadas e se acentuou ainda mais nos últimos anos. De acordo com o relatório da CVM sobre agenda ESG e o Mercado de Capitais, divulgado em 26 de maio de 2022, 64% dos investidores levam em consideração os critérios ESG na escolha de seus investimentos e 54,4% consideram que os critérios ESG contribuem para o desempenho do ativo.
Não obstante o crescimento da pauta ESG, não são poucos os desafios enfrentados por esses investidores na escolha dos investimentos sustentáveis, como, por exemplo, a falta de padronização e comparabilidade das informações ESG e a preocupação com o greenwashing, também conhecida como “lavagem verde” onde empresas utilizam de estratégias de marketing para promover discursos e ações com características ambientalmente responsáveis, mas que não se sustentam na prática. De acordo com o relatório, nos últimos anos houve um expressivo crescimento no volume financeiro dos investimentos sustentáveis globais, atingindo US$ 35,3 trilhões na Austrália, Canadá, Europa, Estados Unidos e Japão.
No Brasil, com o intuito de fomentar maior transparência na divulgação de informações ESG pelas companhias abertas, a CVM publicou em dezembro de 2021 a Resolução n°59 que agregou ao Formulário de Referência requisitos de informações sobre diversidade de gênero, raça e faixa etária na composição da administração e do quadro de funcionários. Além disso, a divulgação do relatório sobre ESG e Mercado de Capitais pela CVM no último mês de maio, demonstra a crescente preocupação com a pauta ESG, considerando que dos 263 investidores brasileiros entrevistados, 64% responderam que levam em consideração os critérios ESG na escolha de seus investimentos. Desses 64%, a principal abordagem utilizada na escolha de investimentos ESG é a Ambiental com 84,8%, em seguida Governança com 76,6% e Social representando 75,9%.
Outros pontos relevantes destacados foram o fato de os investidores considerarem os fatores ESG um indicador de qualidade (50%) e o entendimento de que esse tipo de investimento reduz os riscos dos investimentos (39,9%). Por fim, não menos relevante, foi destacado a ética e o impacto positivo para sociedade desse tipo de investimento.
Para análise e escolha de investimentos que atendem os critérios ESG, os respondentes relataram consultar, principalmente, Relatórios de Sustentabilidade do emissor do ativo (71,5%), outras fontes públicas (60%) e pesquisas ou relatórios privados de terceiros (55,7%), em seguida mencionaram o Formulário de Referência exigido pela CVM (32%) e outras fontes (11%). Outro ponto destacado foi em relação ao não avanço em relação a inclusão de informações ESG nas Demonstrações Financeiras (DFs). A fim de promover esse maior alinhamento, foi sugerido pelos investidores algum nível de padronização das DFs através da interconectividade entre as informações financeiras e informações relacionadas as práticas ESG da companhia.
Em relação aos principais obstáculos enfrentados na escolha de investimentos ESG, os respondentes destacaram a falta de transparência, confiabilidade e veracidade das informações, bem como aumento da preocupação com o greenwashing. Para enfrentar esses desafios, o Relatório divulgado pela CVM retrata que os países membros da IOSCO (Organização Internacional de Valores Mobiliários – associação interamericana fundada em 1983) consideram a educação financeira como a principal aliada na escolha dos produtos financeiros que de fato atendam aos critérios ESG.
Diante dos dados apresentados, podemos concluir que a pauta ESG avança junto com a educação financeira do país e nesse processo em constante evolução, os investidores não desejam mais números sobre diversidade e iniciativas com uma roupagem sustentável, mas ações concretas que impulsionem a preservação do ativo e impactos sociais de longo prazo. Como já dizia Vernā Myers, VP de inclusão na Netflix , em um ditado que popularizou nas redes sociais “não adianta só chamar para a festa, tem que tirar para dançar!”.
Veja mais informações no relatório completo da CVM aqui.