O conselho vem da época de nossos avós, nunca colocar todos os ovos na mesma cesta. Mas quais são os fundamentos matemáticos e econômicos para a diversificação de ativos e de investimentos? Seja numa cesta de investimentos de pessoas físicas, ou na alocação de ativos que compõem um fundo de investimentos, é consenso que não deve haver concentração em um tipo ou um grupo de títulos de mesma categoria.
Mais do que aumentar a rentabilidade, a diversificação objetiva mitigar o risco de desvalorização do portfólio de investimentos, que pode ocorrer pela queda do preço dos ativos. Esse tipo de risco, relacionado a flutuações de preços, é denominado risco de mercado. Mas não basta uma seleção aleatória de papéis para que se minimize o risco de perdas de valor numa carteira ou fundo de investimentos. Devem ser selecionados ativos fracamente correlacionados, ou correlacionados negativamente. A correlação é um conceito estatístico que, em linhas gerais, mede a variação de uma determinada série de valores em função de outra.
Por exemplo, a partir das séries históricas do IBOVESPA e do papel de renda variável ITUB4, que tem um percentual de 10% nesse índice, nota-se que a variação dos preços de ambos segue praticamente a mesma tendência, conforme pode ser visto na figura abaixo:
Dessa forma, diz-se que as variáveis têm correlação positiva, ou seja, quando o valor de uma cai a da outra também tende a apresentar o mesmo comportamento. Para fins de diversificação, um ativo que reproduza o IBOVESPA e o papel ITUB4 não seriam bons candidatos em uma mesma carteira.
Por outro lado, sabe-se que ativos indexados a ouro e a dólar tendem a ter correlação negativa ou neutra, pois em cenários de instabilidade da moeda americana investidores buscam o ouro como porto seguro.
Mesclar, então, em um mesmo portfólio, ativos indexados a ouro com ativos indexados ao dólar pode ser uma boa estratégia para diversificação e proteção, pois em caso de queda na cotação de um desses ativos, o outro deve ter comportamento contrário a essa queda, ou pelo menos neutro.
Pode-se, então, dizer que a diversificação de um portfólio é tão mais eficiente quanto mais a correlação entre seus ativos for fraca (perto de 0) ou negativa, e tanto pessoas físicas quanto gestores de fundos de investimentos devem ter isso em mente no momento de selecionar os ativos que comporão seus portfólios. O objetivo é que quedas nos preços de alguns títulos possam ser compensadas por ganhos em outros, ou pelo menos para que essas perdas não necessariamente se correlacionem com perdas em outros papéis.